O caminho para o desespero é inevitável, tudo na vida torna-se cruel, numa ótica excessivamente humana, seremos sempre seres desolados, estrangeiros de nós mesmos, cada qual inconscientemente perdido de si, sem esperança, crença, desiludido. Como que necessariamente desesperados por deixarmos de ser, deixarmos de crer, ou ainda, de tentarmos almejar o posterior, assim somos, indefinidos por condição, ásperos por caráter, desprendidos de essência, inconciliáveis com a natureza. Persona trágica, a vida humana é fictícia, assim creio eu, somos inventados, pré-moldados, irreais até certo ponto quando afirmamos o que somos. Não é novidade acreditar dessa forma, porém, se configura certa impossibilidade não refletir sobre determinadas hipóteses. Há um desespero íntimo à minha natureza. Não aquele Kierkergaardiano, do qual traços de resignação religiosa me causam ojeriza, mas aquele descrente ativo, isso mesmo, paradoxalmente ativo, como reflexo ou extensão de minha consciência, perante a...
COLETÂNIA DE IDÉIAS