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Mostrando postagens de 2017

Uma tarde de quinta-feira, setembro de 2017.

Uma tarde de quinta-feira, uma ensolarada tarde de final de setembro. Alguns baseados, maconha bem seca, suave, “daquele jeito!” Miles Davis, todos vestidos de vermelho, encarnado, Miles Eletric, 1970.

Meu Jardim

Minhas plantas, flores em jarros, domesticadas raízes, Traduzem os meus dias atuais. Não se trata de felicidade plena, longe disso, caro amigo, Trata-se de um sentimento prazeroso, como criança brincando em chão de barro, Do qual é feito os mesmos jarros das plantas que em casa possuo. Gato que se espreguiça no raio de sol, quente e enfadonho, Como as sestas do meio dia, depois de um saboroso banquete, Feitos por mãos de mãe. Mãe que tem medo do filho perdido, confuso, Édipo protegido em leito. Nem Dorian, muito menos Alan Delon, mais puxado pra menino de feira, Baixa estatura e de jeito acabrunhado, “- zango rápido e pouco falo.” Mas hoje a felicidade, me trouxe sapiência,  Que em texto fiz este poema, Perto das plantas e das flores nos jarros.

Me leva correnteza!

Num muro branco enormes letras vermelhas de uma pichação formam a frase: “Me leva correnteza!” Todos os dias passo por esse mesmo lugar, e lá estão em letras garrafais: “Me leva correnteza!” Quem teria escrito tamanha impulsividade, força, desejo? Que correnteza tamanha seria essa capaz de arrastar o meu EU? “Me leva correnteza!” Deixaram para trás, aquele pensamento, momento, uma espécie de mandamento existencial, Que toda vez que vejo, parece fazer menção a força vital das coisas. Correnteza, constante, sem rumo traçado, levando com sua força a inércia das pedras, Meu cotidiano, os quadrantes da minha vida comum. Correnteza, corrente de águas, fluxo e fluidez, Nos dizeres pichados em muros, as marcas de cada um de nós. “Me leva correnteza!” Lembrete diário para uma vida inteira, Do esforço mágico e atrevido, subversivo, por que não? De quem sai a pichar muros, como uma brincadeira com giz de cera Criança rabiscando nas paredes, “Me leva correnteza!”

Uma segunda-feira incomum, sol e a hegemonia do dinheiro.

Despertam clarividências! Numa tarde ensolarada de segunda-feira depois de dias de chuva, sentei em meu sofá e resolvi ler algum livro, alguma coisa que fosse rápida, pois em nosso tempo a máxima Time is Money! é mais do que motivação moral, regra de conduta ideal, volição interna. As Instituições livram-nas do esquecimento, o dinheiro é a batida repetitiva dos dias, a ganancia do Rei Midas banalizou-se, e se ver por toda parte. Também sou homem de negócios, mas a preguiça é meu grande pecado capital, distante de possíveis julgamentos, sai à procura de algum livro na estante em meu quarto. Passagem rápida com os olhos, Lima Barreto em destaque prende um olhar ansioso. Livro velho de crônicas escolhidas, abro e as folhas escorregam, parecendo cartas de um baralho velho amarelado, paro a mão por cima delas, página 95, título A Volta . O texto fala sobre Núcleos Coloniais , processos de imigração na região de Minas e do Rio de Janeiro, uma crônica de 1915, 32 dois anos de República, bou

Sobre a morte de Belchior

Dia 30 de abril os principais jornais do país anunciam a morte do cantor e compositor Belchior, uma “ferida viva no meu coração”, isso mesmo, uma ferida repentina, uma angústia, não sei ao certo, me atingiu naquele exato momento. Custei acreditar o poeta tinha nos deixado, “tenho sangrado demais” e mais uma notícia triste selava o primeiro semestre de 2017, num país que cada vez mais ficava pobre, em alma, em voz. “Como uma metrópole o meu coração não pode parar” pensei, vida que segue, o aventureiro cearense tinha nos deixado uma obra imensa para que ainda possamos lembrar de seu nome e imagem. Hoje, se me propus a escrever sobre esse fato, foi simplesmente pelo desejo de deixar “na parede da memória essa lembrança é um quadro que” me dói mais. Belchior é um nome a ser lembrando e descoberto por muito tempo, como um visionário temia um futuro de intolerâncias, de medo e de pequenez humana. “Nada é divino, nada é secreto, nem misterioso” mas continuo a aprender com a vida, talvez foi

Distopia e violência: televisores de LED e uma visão do inferno!

Deitado de bruços concentrado olhando o teto da sala de estar. Seu ânimo afetado por viver num país escroto. Uma bota gasta na cara da juventude, uma tradição oligárquica viciada por poder, lançando mão de estratégias tecnológicas fetichistas, aparência distópica, uma realidade plástica e cinzenta. Deitado naquele sofá nada parecia lhe devolver o viço da existência. Sem gozo, gargalhadas incontroláveis histéricas e ensurdecedoras, zuniam em sua cabeça. Estava enlouquecendo? Como ele desejaria enlouquecer, naquele momento, de súbito, num acesso de fúria arrancar, com uma mordida, a orelha de um militar. De um professor, aula de metafisica, aquilo não fazia mais sentido. De um pai de família, dívidas, fraldas cheias de merda, e a esperança dilacerada. O mundo estava hostil, aquele país era o pior lugar de todos. Não era um regime totalitário, modelos retrógrados, violência institucionalizada, monopólio dela e adesão popular a ferro fogo , coturnos e balas de fuzil. Era através de uma

Foi um olhar, uma cerveja...

Foi um olhar, uma companhia para um gole de cerveja, poucas palavras, mas uma aproximação espontânea e inesquecível. Guardei aquela imagem na memória, sentia uma espécie de sensação atraente, algo naquela garota me atraia, eu queria conhecê-la. Tinha receio de falar alguma besteira, sempre que a via não sabia o que dizer, me aproximava e lhe oferecia algo para beber. Ela nunca recusava e isso me deixava maluco, doido, eu queria beijar aquela boca, seu batom vermelho. Recordo que estávamos numa mesma festa, numa cidade no interior da Paraíba, eu a vi e fui em sua direção. Ela estava tomando cerveja, me ofereceu um gole, não resisti, ela pegou na minha mão e me puxou para dançar. Eu nunca arrisquei a fazer algo do tipo, ela me embalava, conduzia nossos passos e eu me deixei levar, sentia o seu cheiro, agarrei seu corpo contra o meu e quando a música acabou, nos despedimos. Fiquei com sua imagem na cabeça, loira, boca vermelha e o cheiro de cerveja. Sai daquela cidade tão bêbado que q