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Mostrando postagens de 2009

Ontologicamente Desraigados

Seres flutuantes em cavernas obscuras descobrem o sentido do nada. Presenciam veleidades volitivas, desconexas conspirações entre a humanidade e o cosmo. Reviram-se entre os escombros cerebrais e o declínio humano, como pútridos seres que insistem em viver em suas lúgubres cavernas, cômodos ataúdes. Selvas petrificadas, monstros velozes, hábitos artificiais, corpos moldados e pré-determinados. Matam-se, gozam sadicamente, sensualizam o fracasso e a submissão, no topo de suas violentas relações. Aspiram ao nada, se realizam na ambição, corrompem os ciclos, impõem facciosos dogmas. Pássaros metálicos, ondas cibernéticas, sexos virtuais, vidas digitalizadas, semiótica filológica contemporânea. Felicidades fétidas, num presente sem futuro, perdidos, desolados, inconsolados em suas misérias. Seres de fome antropofágica insaciável, de doenças inumeráveis e lamentações indignas, arrancam da pele o combustível miserável que impulsiona a máquina moderna. Suas cavernas são propriedades tecnolo

Aos que ousam criar

Sentir o mundo e ousar criar. Por para fora a dimensão imaginativa submetendo-a aos limites da realidade. Um gesto, no mais, um ato pertinente sem qualquer necessidade presente, talvez um impulso, uma intuição sensível, que concerne aos modos de viver e se expressar. Sem características elevadas e/ou hegemônicas, mas, contravenções, formas indiferentes às padronizações e de maneira alguma comum. Rompendo normas, invertendo afirmações, desconstruindo verdades, posturas, relações, sentimentos etc. Um querer dizer basta as ilusões impostas!!!

Confissões de um solitário vagabundo

Hoje acordei com as vísceras para fora, “Ontem devo ter bebido ou comido algo que me fez muito mal”. A ressaca é um sinal de que estamos vivos e de que a vida e tão insuportável quanto. Um filho da puta chamado Bukowski dizia que A alma de um homem está profundamente enraizada em seu estômago , “Velho safado, falava algumas verdades sobre a vida”. Cigarros e álcool parecem que foram feitos um para o outro, sempre quando estou bebendo sinto uma vontade incontentável de fumar. Acredito nisso e sempre ando com cigarros nos bolsos. À noite o mundo e as pessoas perdem suas vergonhas e todos saem às ruas para se envolverem, “Nada particular, mas na noite tudo é permitido”. Gosto de sair e beber, conversar? Só se for frivolidades, pois de que me vale ser sério quando estou bêbado? Existe certa necessidade em se entorpecer, do contrário, estaríamos todos mortos. O tédio mata, as frustrações enlouquecem, família, carro, piscina de plástico, casamento, bichos de estimação, escova de dente,

Parábola do velho solitário

Certo dia um velho acordou e se viu num quarto vazio. O único objeto que se via era um espelho velho pendurado na parede. Nada de móveis, livros, roupas, nada, e ele, o velho, se encontrava deitado no chão olhando ao redor de si mesmo. Atônito resolveu se levantar e se dirigiu direto ao espelho. Ao se aproximar se deparou com um rosto familiar, “Este sou eu”, afirmou, como uma suposta sensação de indiferença. Via o quanto o tempo foi cruel com ele, e lembrando dos tempos de infância se surpreendeu em ver no espelho um sorriso refletido. Voltando a sua situação peculiar, percebeu que o quarto também não possuía janelas nem porta, apenas um pequeno buraco no teto no qual a luz invadia iluminando aquele pequeno espaço, isso lhe deu a impressão de estar sufocado e o ambiente aos poucos foi se tornando insuportável. Agoniado, minuciosamente analisava cada canto do quarto, mas, logo percebeu que tal tarefa era inútil, e que realmente estava preso e sua única companhia era aquele espelho

Esboço sobre a felicidade

Os homens confundem os meios com o fim. Castram-se numa corrida estúpida pelo dinheiro almejando serem felizes. Confundem os meios para obter este fim com o próprio fim. Desprovidos de consciência se atolam até o pescoço nas areias movediças do capitalismo, como são cruéis consigo mesmos. A felicidade só se sente instantaneamente, não é condição e sim instante que se desfaz submetido na sucessão do tempo. Com garras e unhas agarro minha felicidade, mas logo ela não me serve mais, me entedia, perde seu valor, ou melhor, deixa de proporcionar prazer. O homem mata para achar o caminho que assegure sua felicidade. Não apenas toma essa atitude, porém essa é a mais preocupante. O que realmente queria dizer aquele cantor ao cantar que “a felicidade é uma arma quente”? Desde épocas passadas logo após a tentativa de definirmos tal sensação, definição ridícula, que a felicidade ocupa os homens. Principio moderador ético, instigação de práticas hedonistas, assim como, criadora de escolas, a

Paixão insepulta

Ao partir deixaste comigo o desengano. Foi dessa forma que senti o peso da nossa relação. Todos os dias quando saio para trabalhar, o mundo e as coisas perdem sua intensidade, mergulho no sonho do cotidiano e me perco nas inconsciências das relações humanas. Ao fim do dia, quando o sol mergulha no horizonte, minha lucidez retorna gradativamente, uma espécie de apercepção sobre a sua falta. Tua ausência me causa certas sensações, que de maneira singular mexe com meu espírito, és incontrolável e estou perdido sem qualquer domínio. Nenhuma palavra exprime esta sensação, não existe nada que a submeta ao comum, cada qual sente do seu modo. Mas, foste tu quem me lançaste nesta realidade, neste vazio sentimental. Uma paixão incompreendida? Talvez. Acredito nessa paixão mal dita, sem compreensão alguma, “ Maldita sois vós! ” Insulto você em pensamentos, mas não te culpo jamais, porém te informo sem ressentimentos. Foste embora e aqui estou como um cadáver insepulto.

Inspiração acerca da fé religiosa

Ó fé tão impotente, Ó delírios sanguinários! Faz da carne algo baixo e sujo E da alma produto extraterreno Confunde com palavras a simplicidade da vida. Tem por base o medo, sim o medo que encravaste no deserto da natureza humana, Onde a solidão assusta e deixa de ser uma dádiva. Tenho por ti, fé inútil, total aversão Se hoje te dou esse privilégio de sujeito gramatical É porque tenho um íntimo desejo em te mostrar O quanto és desimportante Adjetivos fatais Sem vida, és cadafalso das vontades Impotência no seu sentido mais pleno De quem deseja o inalcançável, o irrealizável E se resigna no fracasso.

Contraste com uma suposta felicidade

Na noite as coisas fluem com certa intensidade. Era uma noite de sábado, céu estrelado, e assim como todas as noites de finais de semana, a maioria das pessoas procurava algum tipo de ocupação prazerosa. Albert motivado por essa vontade comum saiu de casa por volta das 23 horas. Ainda um pouco cansado, pois, havia trabalhado no mesmo dia no turno diurno, andava pela rua pensando no que iria fazer, já que estava cansado dos mesmos lugares que a cidade oferecia. Parou um instante, acendeu um cigarro e deu duas baforadas para o alto. Logo veio a sua mente uma idéia: “Essa noite irei ao único lugar em que nunca fui nesta cidade”, pensou ele, e seguiu a diante na avenida. O suposto lugar onde pensava em ir ficava a algumas quadras dali, a caminhada não era desgastante e, só assim ele economizaria parte do seu dinheiro. Ao chegar próximo do local avistou um aglomerado de pessoas. – O que fazem essa hora da noite? – indagou. Parou e ficou apreensivo olhando o que aquelas pessoas estariam fa

Um tipo cansado

Cansado com o mundo e as coisas, esqueci dos tempos outrora em que fui feliz. Hoje não tenho tanta disposição para com as ocupações humanas que me impõem trabalho, estudo, paixões, deveres cívicos etc., tudo isso me é cansativo. Talvez eu não tenha vocação para nada e a vida tenha se tornado um embuste construído por mãos inúteis como as minhas. Tenho nos últimos dias hipoteticamente me projetado para um futuro determinado que criei e que me consola das desilusões tão reais. Um vício humano em querer determinar o incerto, confrontando com vazios impreenchíveis próprios da fatídica natureza humana. A vida, esta pluralidade de momentos fugazes, onde violentamente e despercebidamente vivemos e envelhecemos tanto em corpo quanto mentalmente, é contraditória, tanto no que diz respeito a nossa condição existencial, como também, das outras coisas e seres presentes no mundo e no universo. Pouco me importar saber como que esta vontade íntima presente em todos os seres vivos surgiu, para mim

Um Passado

Acordei umas cinco horas da manhã e isso não era de costume. Passei quase toda a noite me revirando de um lado a outro da cama, certa compulsão contra meus pensamentos mais íntimos. Despertei e o sol demorou um pouco a surgir. Junto com ele os sons mais variados preencheram o vazio da noite que acabava de chegar ao fim. Ainda cansado desisti em me levantar, fiquei deitado olhando para o teto que me acompanhava e fazia sentir-me tão aconchegado. “– Hoje me sinto inútil” -, pensei e logo percebi nessa assertiva algo de verdadeiro. “- O dia anterior talvez tenha sido muito conturbado”– pensei novamente -, “- Mas não tenho certeza do que realmente o que aconteceu”. Meus pensamentos desordenados me deixavam confuso, quando eu tentava me prender a um raciocínio, ou ainda, tentava conectar minhas lembranças com a intenção de recordar o dia anterior, nada me vinha à mente e tudo se resumia a acontecimentos isolados, lembranças vazias e desconectas que não me diziam basicamente nada. “- L

Sobre a Velhice.

Assim como as pálpebras pesam diante do sono E os olhos se perdem na imensa escuridão, O corpo enfraquece perante a vontade de viver Um instante, fragmento resultante de uma totalidade perecível Último suspiro, aterrorizador presente Face desgastada frente à jovialidade da vida que a cada instante renasce. Sofrimento, maturidade, sensatez, eufemismos para sua realidade Insistência medíocre que clama pelo fim Faz a morte onipresente, como quem sente o fim da vida. Velhice último desejo de todos.

A arte como produto convencional.

Admiro algumas produções artísticas, mas não sou de estar endeusando tais coisas. Motiva-me na maioria das vezes apreciar produções que aspiram a destruição futura da arte, ou melhor, do caráter tão elevado que atribuem a esta ocupação, e também daquelas que fogem das salas de colecionadores medíocres. A arte pela arte não se sustenta mais, a hegemonia de alguns se transfigura na má índole artística. Submeto-me ao gosto, não as técnicas ou o modo de fazer complexo das artes, e prefiro o perecimento de tais coisas no mundo do que a vanglória e a conservação das paredes seletivas dos apreciadores. Hoje em dia todo mundo é artista, de uma forma ou de outra, todos escrevem livros e buscam se constituírem como seres cultos, se isto é uma banalização do bom gosto, ou do ridículo comportamento comum dentre os pseudos-intelectuais, isto pouco me importa. Não me venham com comportamentos pré-definidos, um “menu” do que devemos consumir. Cada qual com sua tolice. Estamos impregnados de c

Diálogo sem justificativa

Ao me deparar com um velho amigo, apressei-me e não hesitei em lhe falar o que há meses vinha pensando. - Não adianta fingir, fazer de conta de que nada aconteceu, somos todos responsáveis por aquilo que nos envolve. Jamais precisarei omitir meus sentimentos, minhas vontades, isso jamais, quero dá um basta, as minhas fragilidades, as minhas dissimulações, se é que você me entende? Ao me ouvir, o velho amigo dispensou as formalidades convencionais e me disse olhando nos meus olhos: - Sim, claro que estamos todos envolvidos, faz tempo, desde que tudo começou só agora resolvemos ser, ou para ser mais preciso, só agora resolvi ser eu mesmo. Percebi sua sinceridade, ele me falava com convicção, senti seu pensamento, pela primeira vez ele me afetou com veracidade e isto me fez sentir o quanto ainda gostava dele. Completei aquele raciocínio, pois, nós estávamos em sintonia e queríamos logo-logo resolver tal problema, se é que posso atribuir este caráter ao fato. - Meu caro, venho

Existências

As coisas e os seres no mundo desfrutam da mesma existência? Queria eu pensar e acreditar nisto, como algo verdadeiro e de forma imediata, nos múltiplos sentidos que a palavra existência comporta em si, me conformar com esta possível unidade existencial, subordinar-me a esta pergunta invertendo-a numa assertiva conclusão. Há, como sou ansioso na crença, como me conformo com afirmações tão restritas, no mundo somos indiferentes até com nós mesmos Divergentes no mundo e com todas as coisas Desfrutamos de existências singulares num único espaço fictício e/ou natural Correspondente às partes constituintes do cosmo Uma pluralidade fatídica e instransponível Tanto para o humano como as coisas em geral Somos partes numa totalidade necessária e acidental Contrapontos de uma existência transgressora no mundo Além de vermes, somos tudo quanto possui e expressa vida Também somos morte, acreditamos em outras vidas Mas apenas nos apegamos a um único modo Dentre vários

Dúvidas Verdadeiras

Há essas dúvidas tão verdadeiras Que me regem, me repelem de certas certezas. Comum, sem se precipitar e fingindo inocência Impulsiono-me ao equivoco, desperdício, desraigado e faminto Só resta eu e por isso não me espanto, nem me resguardo São inúmeras as maravilhas, os desejos, as fantasias Mas, eu sei que essa guerra é minha, solitário, estúpido, anima Toda a existência é venial, face a face somos todos bestiais São possibilidades não verdades, orgasmos espaciais Constelações de idéias no centro do universo Somos incompletos substanciais, sem este “em si” que tudo diz compreender. As dúvidas são simpáticas verdades quando se prefere a calmaria das incertezas.

Categoria Música: Belchior e os poemas de Drummond.

Bom, pra quem gosta de uma boa música aqui vai uma dica que, em minha opinião, despertará a curiosidade acerca deste nome. Minha dica é o cantor, poeta, pintor e compositor Belchior. É isso pessoal, por mais que alguns afirmem que existem “intocáveis” compositores brasileiros, a exemplo de Chico Buarque, Tom Jobim, Vinícius, dentre outros, este cearense despertou minha curiosidade e me fez perceber que a música não tem limites estéticos, e que não existem tais cantores intocáveis. Sem bajulice ou coisa parecida, aqui escrevo sobre este figura por sentir e perceber a um bom tempo a qualidade de suas composições. A diversidade presente em sua obra é marcante e os ritmos se confundem numa salada de poesia, filosofia e estilos musicais. Inúmeras são as músicas que há tempo são apreciadas pelo gosto popular: “Apenas um rapaz latino-americano, Medo de avião, Fotografia 3x4 e Tudo sujo de batom”, são exemplos que já se tornaram banais. Sua originalidade estética não se resume apenas a es

Quando os homens são indiferentes consigo mesmos

--> Inúmeros homens mortos!!! Horrível anonimato Indivíduos que se dissolvem em números Banalidade cruel Fatalismo irremediável. Homens vazios que não sentem, não tem vida, são homens inúteis. Homens/números/mortos.

ILUSÕES

Se a matéria possui inúmeras categorias, assim como os filósofos presumiam, e que o átomo compõe tudo quanto existe, isto não sei, mas a realidade me mostra que a vida por mais complexa que possa parecer, se expressa na simplicidade dos fenômenos naturais, num bater de asas de uma borboleta, no engatinhar de uma criança, no beijo dos enamorados... Por fim, percebo o quanto às ilusões satisfezem a humanidade.

Meu Universo

Nada define o meu universo Subjetividade, particularidades, sujeito e pessoal Sinônimos dos meus desejos Substantivos idênticos Como que objetam minhas partes Em sons diferentes entre nomes que se semelham Obsceno, óbice, obrigado Tolices e fantasias de alguns letrados Indefinido é o meu universo, espacial, sentido irracional Assim como todas as coisas ditas e não ditas....

Vida (descrição)

Um turbilhão de instantes Dilacerados na incerteza cósmica Invariante, sinuosa e fugaz Para muitos, passa despercebida, por mais vivida A vida é inconstante e concreta Faz do medo a conservação e da felicidade um entorpecente Um fragmento de espaço num medíocre intervalo do tempo Redemoinho das certezas mais incertas.

AUTOCONHECIMENTO

AUTOCONHECIMENTO, conservação do espírito critico Esclarecimento sem limitações Sem entraves de consciência Por si só, no mais autêntico reconhecimento.

Antonin Artuad (marginalidade, anarquismo e poesia)

Bom, falar desse indivíduo é ter a priori a consciência de que foi uma figura marcante no cenário crítico e marginal do séc. XX. Antonin Artuad foi escritor, poeta, ator, dramaturgo, roteirista e diretor teatral de tendência anarquista. Figura enigmática foi tido como louco, internado em vários manicômios franceses e submetido a sessões de eletrochoque. Avesso ao caráter intelectualista da época, procurou ao máximo expressar suas idéias de forma livre de preconceitos, sejam eles acadêmicos ou doutrinais. Esse poeta desgraçado nasceu em Marselha no dia 4 de setembro de 1896, e foi encontrado morto em um quarto de hospício na cidade de Paris no ano de 1946. Suas contribuições foram enormes, a quem considere que foram mais expressivas no campo teatral, mas na minha opinião vejo Artuad como um todo, onde suas partes, seu posicionamento político, filosófico e cultural o completam. Antonin vasculhou o universo humano cheio de contradições e de uma profundidade assustadora. Ele colocou os pés

PERSONA

Ingmar Bergman, este em minha opinião é um dos maiores cineasta, não só pela inovação e ousadia que suas obras representam no âmbito da cinematografia, mas pelas questões trabalhadas, ou melhor, pela representação dos problemas, sejam eles psíquicos, sociais e filosóficos que são discutidos e sempre presentes em seus filmes. PERSONA é um clássico do cinema sueco e mundial. Este filme estreou em 1966 em Estocolmo, há exatos 43 anos, e desde sua estréia causa polêmica e surpreende cinéfilos de todo o mundo. O filme de início apresenta uma introdução surreal com imagens de sacrifício, dor e morte. A quem associe as imagens à vida do cineasta, é melhor conferir o livro ( Imagens ) que o mesmo escreveu e que já existe traduções por aqui. O restante do filme trata da história de uma atriz, Elizabeth Vogler, que logo após a representação de Electra deixa de falar. Seu mutismo em relação às outras pessoas é geral, o que a leva a ser internada numa clínica. Seu quadro clínico é indiferente,

Deus de Prótese (Alusão a um conceito freudiano)

Esta idéia que se corporifica na crença, cega, equivocada e autoritária Prende e isola na dor vendendo desgraças comuns Doa ignorâncias aos que lhe seguem, mente, ressente e a vida é violada Dos segredos fazem temor, das evidências mentiras Humilha, castiga, o homem fez desta sua imagem e semelhança Sua compaixão seduz, alivia os desgraçados A tudo corrompe até mesmo a história Aos que pensam e expressam seu pensamento são ou foram calados Os homens que a criaram e deram-lhe vida amargaram no esquecimento Isto foi fatal, pois esqueceram que esta idéia que se exteriorizou e tomou corpo sempre foi o próprio homem, um animal incompleto, cheio de necessidades, que para tanto, criou um complemento que assim crê como perfeito, uma espécie de prótese num deus, deus de prótese.

O mito de Sísifo - Albert Camus

O suicídio para Albert Camus apresenta-se como um problema de carát er filosófico. Na obra O mito de Sísifo este pensador revela as estruturas do suicídio analisando-o de forma sistemática. Ao refletir o suicídio como um problema filosófico, verifica-se o surgimento de um novo conceito camusiano nomeado de absurdo. Este conceito analisado e exposto nas obras de Camus, além de possuir um caráter filosófico, configura-se num sentimento que rompe o homem da vida cotidiana. O conceito de absurdo , na filosofia de Camus, consiste em propor uma solução filosófica para o problema do suicídio. Para este fi lósofo , o sentimento do absurdo põe o dilema acerca do valor da vida. É ele que tira o homem do seu mundo familiar e o joga numa realidade desconhecida, na qual os costumes e as certezas anteriores perdem seu sentido, deixando-o desamparado e solitário. O problema do suicídio resolve-se pela via do absurdo e da revolta. É através da reflexão acerca do absurdo da existência que a pro