Incrustável realidade, Que zomba da minha insignificante existência Nas mazelas de uma vida decrépita, Do nascimento até os últimos dias Um escárnio impingido no meu ser. Utiliza-se de minha fragilidade E me lança na desgraça infinita, Recordando-me o Augusto, inócua criatura, No cósmico gozo do verme, do transcendentalismo mistério, Que encravasse no peito de um vencido. De Rimbaud à Mallarmé, Do Artaud à Rabelais, Aspiro em todos estes marginais O profano, descrente e libidinoso Fruto do ventre maldito. Sou esse condenado a viver Que na tormenta dos dias Anda como um zumbir nas noites a se perder Desejando encontrar outrem Com igual desgosto.
COLETÂNIA DE IDÉIAS