Pular para o conteúdo principal

Desabafando por qualquer coisa....

Nada de extraordinário acontece, como sempre a vida se fecha para meus sonhos, ou seria o inverso? Meus sonhos não passam de fantasias irrealizáveis, onde estupidamente me lanço de maneira enfadonha em querer alcançá-los. Ultimamente estou sobrevivendo das mesmices, largado num mundo avesso as minhas atitudes, meus anseios, minhas ilusões. À noite não me atrai mais como outras épocas, às vezes finjo necessidade de companhia, a solidão também entedia, mas logo desisto e volto para meu casulo familiar como um bicho assustado. Tomei aquele gim e as coisas pioraram, recordei das coisas que não possuo mais, da adolescência inconseqüente, como tudo era perfeito, pois, a fortuna, essa deusa cruel e cobiçada, ditava as regras. A juventude vai aos poucos sendo sepultada e o que me espera posteriormente confirma todas minhas desilusões. As velhas correntes ainda me prendem e toda ação torna-se impotente, quando o costume, a repetição de hábitos, se configurou em desejo, em verdade, um vício desgraçado que vai me matando aos poucos. Não desisti da felicidade, esporadicamente a compro em alguma “boca” perto da minha casa. Não é esse tipo de felicidade da qual o populus tanto condena? Deixarei tudo isso de lado, a felicidade é relativa, ou melhor, repentina. Meu maior desejo é presenciar a minha espécie sendo destruída, o apocalipse terral, o gozo do fim, tudo o que é humano ser aniquilado. Seria isto o extraordinário na vida de um maldito? Um desejo comum, isto sim, todos desejamos inconscientemente. Não faça isto, não coma aquilo, se vista desta maneira, esqueça tudo o que disseram, não se envolva, cuide da sua vida, pare com isso, você já foi longe demais.... Quero uma cartilha de como devo viver só minha! Tenho nojo do coletivo, até certo ponto, somos misantropos por natureza, apesar de muitos charlatões, defensores do suposto bem comum, fingirem o contrário. Convivemos e odiamos uns aos outros, somos assim, estou enganado? Na desgraça somos amáveis e no gozo somos egoístas. Estou pouco me lixando com a maioria, porque essa corrida estúpida em querer salvar tudo e a todos, em almejar mudanças significativas, substituir hábitos, comportamentos, o inferno é aqui, Sartre também estava certo em afirmar que são os outros, eu diria mais, o infernal é nossa existência. Acidentalmente existimos, assim creio, todo o resto tende ao fim. As coisas tendem a piorarem meu desprezível amigo, no mais continuo sem dinheiro para comprar cigarros e o conhaque já não resta nem mais uma dose. Nada de extraordinário acontece nesta vida infeliz.

Ufaaaa, que desabafo tão démodé, não acham???

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Categoria Música: Belchior e os poemas de Drummond.

Bom, pra quem gosta de uma boa música aqui vai uma dica que, em minha opinião, despertará a curiosidade acerca deste nome. Minha dica é o cantor, poeta, pintor e compositor Belchior. É isso pessoal, por mais que alguns afirmem que existem “intocáveis” compositores brasileiros, a exemplo de Chico Buarque, Tom Jobim, Vinícius, dentre outros, este cearense despertou minha curiosidade e me fez perceber que a música não tem limites estéticos, e que não existem tais cantores intocáveis. Sem bajulice ou coisa parecida, aqui escrevo sobre este figura por sentir e perceber a um bom tempo a qualidade de suas composições. A diversidade presente em sua obra é marcante e os ritmos se confundem numa salada de poesia, filosofia e estilos musicais. Inúmeras são as músicas que há tempo são apreciadas pelo gosto popular: “Apenas um rapaz latino-americano, Medo de avião, Fotografia 3x4 e Tudo sujo de batom”, são exemplos que já se tornaram banais. Sua originalidade estética não se resume apenas a es

Parábola do velho solitário

Certo dia um velho acordou e se viu num quarto vazio. O único objeto que se via era um espelho velho pendurado na parede. Nada de móveis, livros, roupas, nada, e ele, o velho, se encontrava deitado no chão olhando ao redor de si mesmo. Atônito resolveu se levantar e se dirigiu direto ao espelho. Ao se aproximar se deparou com um rosto familiar, “Este sou eu”, afirmou, como uma suposta sensação de indiferença. Via o quanto o tempo foi cruel com ele, e lembrando dos tempos de infância se surpreendeu em ver no espelho um sorriso refletido. Voltando a sua situação peculiar, percebeu que o quarto também não possuía janelas nem porta, apenas um pequeno buraco no teto no qual a luz invadia iluminando aquele pequeno espaço, isso lhe deu a impressão de estar sufocado e o ambiente aos poucos foi se tornando insuportável. Agoniado, minuciosamente analisava cada canto do quarto, mas, logo percebeu que tal tarefa era inútil, e que realmente estava preso e sua única companhia era aquele espelho

Sobre a morte de Belchior

Dia 30 de abril os principais jornais do país anunciam a morte do cantor e compositor Belchior, uma “ferida viva no meu coração”, isso mesmo, uma ferida repentina, uma angústia, não sei ao certo, me atingiu naquele exato momento. Custei acreditar o poeta tinha nos deixado, “tenho sangrado demais” e mais uma notícia triste selava o primeiro semestre de 2017, num país que cada vez mais ficava pobre, em alma, em voz. “Como uma metrópole o meu coração não pode parar” pensei, vida que segue, o aventureiro cearense tinha nos deixado uma obra imensa para que ainda possamos lembrar de seu nome e imagem. Hoje, se me propus a escrever sobre esse fato, foi simplesmente pelo desejo de deixar “na parede da memória essa lembrança é um quadro que” me dói mais. Belchior é um nome a ser lembrando e descoberto por muito tempo, como um visionário temia um futuro de intolerâncias, de medo e de pequenez humana. “Nada é divino, nada é secreto, nem misterioso” mas continuo a aprender com a vida, talvez foi