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Ode divina ao Deus pútrido.

Um novo Deus parece estar entre lamas,
Velhos rituais de fé o conclama.
Uma desordem mais que profana,
Neste mundo esquálido, prédios, fumaças intoxicantes,
Fumegam em nuvens flutuantes o cheiro podre, dos que cederam o corpo para o sacrifício.
Deus verme pútrido que tudo corrói,
Para além de inúteis mercadorias, condenadas almas sem gozo, uma não vida que já não excita.
Um novo Deus assume as rédeas dos continentes, esmaga com sorriso rasteiro, o ultimo lapso de euforia.
Deseja leite em tetas pútridas, lanças em corações, paixão violenta.
Esmagando crânios inúmeros, num mar de homens errantes,
Ave ave todo poderoso e asqueroso Deus, máquina, impulso inconteste da des-razão.

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