
Certo dia um velho acordou e se viu num quarto vazio. O único objeto que se via era um espelho velho pendurado na parede. Nada de móveis, livros, roupas, nada, e ele, o velho, se encontrava deitado no chão olhando ao redor de si mesmo. Atônito resolveu se levantar e se dirigiu direto ao espelho. Ao se aproximar se deparou com um rosto familiar, “Este sou eu”, afirmou, como uma suposta sensação de indiferença. Via o quanto o tempo foi cruel com ele, e lembrando dos tempos de infância se surpreendeu em ver no espelho um sorriso refletido. Voltando a sua situação peculiar, percebeu que o quarto também não possuía janelas nem porta, apenas um pequeno buraco no teto no qual a luz invadia iluminando aquele pequeno espaço, isso lhe deu a impressão de estar sufocado e o ambiente aos poucos foi se tornando insuportável. Agoniado, minuciosamente analisava cada canto do quarto, mas, logo percebeu que tal tarefa era inútil, e que realmente estava preso e sua única companhia era aquele espelho velho e o seu reflexo nele. Aos poucos a luminosidade ia diminuindo, e o quarto que antes era claro agora estava escurecendo aos poucos. O velho com certo temor correu em direção ao espelho e ao se deparar com o mesmo nada presenciou, pois por conta da baixa luminosidade o espelho agora lhe era inútil. Na escuridão plena ele gritou inutilmente e por causa do aspecto fechado do quarto o grito foi abafado. Solitário às escuras, sentiu o medo tomando conta de si, o medo do desconhecido, mesmo sabendo que naquele quarto só se encontrava ele e aquele inanimado espelho. Cada vez que o tempo passava mais medo sentia, aquilo foi se tornando um tormento e ele clamou pelo fim. O velho solitário sem poder enxergar nada e apenas com uma idéia na cabeça da qual era fruto do reflexo do espelho. Essa idéia provia da sua aparente imagem, a única lembrança em sua cabeça e que lhe era insuportável. É insuportável refletir sobre nós mesmos!
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