Num muro branco enormes letras
vermelhas de uma pichação formam a frase: “Me leva correnteza!”
Todos os dias passo por esse
mesmo lugar, e lá estão em letras garrafais: “Me leva correnteza!”
Quem teria escrito tamanha
impulsividade, força, desejo?
Que correnteza tamanha seria essa
capaz de arrastar o meu EU?
“Me leva correnteza!”
Deixaram para trás, aquele
pensamento, momento, uma espécie de mandamento existencial,
Que toda vez que vejo, parece
fazer menção a força vital das coisas.
Correnteza, constante, sem rumo
traçado, levando com sua força a inércia das pedras,
Meu cotidiano, os quadrantes da
minha vida comum.
Correnteza, corrente de águas,
fluxo e fluidez,
Nos dizeres pichados em muros, as
marcas de cada um de nós.
“Me leva correnteza!”
Lembrete diário para uma vida
inteira,
Do esforço mágico e atrevido,
subversivo, por que não?
De quem sai a pichar muros, como
uma brincadeira com giz de cera
Criança rabiscando nas paredes,
“Me leva correnteza!”
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