O suicídio para Albert Camus apresenta-se como um problema de caráter filosófico. Na obra O mito de Sísifo este pensador revela as estruturas do suicídio analisando-o de forma sistemática.
Ao refletir o suicídio como um problema filosófico, verifica-se o surgimento de um novo conceito camusiano nomeado de absurdo. Este conceito analisado e exposto nas obras de Camus, além de possuir um caráter filosófico, configura-se num sentimento que rompe o homem da vida cotidiana.
O conceito de absurdo, na filosofia de Camus, consiste em propor uma solução filosófica para o problema do suicídio. Para este filósofo, o sentimento do absurdo põe o dilema acerca do valor da vida. É ele que tira o homem do seu mundo familiar e o joga numa realidade desconhecida, na qual os costumes e as certezas anteriores perdem seu sentido, deixando-o desamparado e solitário.
O problema do suicídio resolve-se pela via do absurdo e da revolta. É através da reflexão acerca do absurdo da existência que a problemática é resolvida. A postura do homem absurdo é contrária a do suicida porque este, depois de experenciar o absurdo da existência, tenta negá-lo com a morte e isto se configura como um ato ignorante perante a verdadeira realidade da vida e do mundo. Já o homem absurdo assume o absurdo e procura viver a vida de qualquer maneira. Consciente da existência absurda, ele se revolta e recusa o absurdo procurando viver a todo custo.
A filosofia camusiana estabelece, na relação entre o suicídio, o absurdo e a revolta, uma resolução para este problema, possibilitando discutir se é o suicídio uma solução para o absurdo da existência ou um ato de se resignar diante do absurdo. A revolta surge como outra via que estabelece os parâmetros para uma vida consciente e ativa.
Assim, a leitura da obra O mito de Sísifo, conduz a pensar uma relação entre o herói trágico, que neste caso consiste no Sísifo, o absurdo e a revolta. Nesta relação observa-se a relevância desta obra e dos conceitos trabalhados para uma época tão conturbada, que foi o período entre guerras. Ao mesmo tempo, é uma obra que se atualiza, pois faz com que o homem contemporâneo reflita acerca da sua existência, do modo como vive em sociedade. O mito de Sísifo possibilita uma reflexão mais humanista acerca do homem e da vida, apontando os limites da existência e os equívocos produzidos pela razão.
Por fim, depois que o suicídio apresenta-se como problema relevante para a filosofia, pois lança a reflexão sobre a vida como questão de princípio, surge também um novo questionamento de caráter ético, que sugere uma reflexão sobre o comportamento do homem diante da existência absurda. Essa ética possui um caráter mais humanista, pois faz com que o homem reivindique a cada momento o seu direito de viver sem opressões e injustiças. A vida é um direito que não deve ser violado.
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