Ao me deparar com um velho amigo, apressei-me e não hesitei em lhe falar o que há meses vinha pensando.
- Não adianta fingir, fazer de conta de que nada aconteceu, somos todos responsáveis por aquilo que nos envolve. Jamais precisarei omitir meus sentimentos, minhas vontades, isso jamais, quero dá um basta, as minhas fragilidades, as minhas dissimulações, se é que você me entende?
Ao me ouvir, o velho amigo dispensou as formalidades convencionais e me disse olhando nos meus olhos:
- Sim, claro que estamos todos envolvidos, faz tempo, desde que tudo começou só agora resolvemos ser, ou para ser mais preciso, só agora resolvi ser eu mesmo.
Percebi sua sinceridade, ele me falava com convicção, senti seu pensamento, pela primeira vez ele me afetou com veracidade e isto me fez sentir o quanto ainda gostava dele. Completei aquele raciocínio, pois, nós estávamos em sintonia e queríamos logo-logo resolver tal problema, se é que posso atribuir este caráter ao fato.
- Meu caro, venho nesses últimos dias desejando lhe rever, e enquanto isto não acontecia, eu guardava minhas reflexões, assim como, minhas mágoas. Sei que o que passamos contribuiu para nos conhecermos. Como foram maliciosos os outros. – conclui com certo desânimo - É meu caro somos realmente humanos.
Meu velho amigo pediu-me licença, pois estava com muita pressa. Fiquei confuso, não sabia que iria magoá-lo com tais palavras. Despediu-me e ao continuar sua caminhada, parou, olhou ainda um pouco para trás e me disse:
- Como saberei realmente quem está certo? Mas - prosseguiu com uma espécie de desafio – somos todos responsáveis esqueceu?
Fiquei refletindo sobre o que ele me disse e pensei: “porque essa minha ânsia de querer explicações sobre tudo, não seria melhor resignar-me com o fato e assim aceitar uma vida sem justificativas?”.
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