Se os jornalistas em si já constituem uma grande parcela da sociedade não pensante, com suas posturas acríticas e comportamentos mercenários, o que dizermos dos futuros jornalistas, ou melhor, dos estudantes de jornalismo?
Podemos atribuir um caráter desprezível a tal profissão, pois, depois dos padres, da polícia fascistóide e daqueles que dizem detentores do saber, os professores acadêmicos, não existe hoje no bra$il e principalmente em campina grande ocupação mais inútil.
O estudante, esse acéfalo social, que há tempos perdeu o caráter questionador de épocas passadas, sua última expressão digna de registro foi em 1968 na frança quando ainda existiam cabeças pensantes que buscavam se constituírem como indivíduos históricos, conluio de estudantes enraivecidos e questionadores, desde muito tempo vem sendo objeto de manipulação partidária onde políticos se digladiam pelos seus interesses. A “UNE” maior exemplo real de toda essa canalhice, facção reformista dos direitos estudantis há algumas décadas vem se especializando em criar falsos inimigos, dissimulando seus verdadeiros interesses por trás dessa face tão dócil que se chama estudante. Eles aprenderam muito bem com os seus mártires fascistas soviéticos.
O estudante na sua miséria real se entope com discursos irreais, velharias de épocas distantes que hoje não se sustentam mais. O engajamento não é mais uma necessidade e sim um produto novo a ser consumido, daí que ele se contenta com um disco do chico buarque e algumas abstrações desconexas com o real que aprendeu, ou melhor, vomita em todos os lugares que compreendeu uma nova teoria na universidade.
Tenho uma aversão a tudo isso, mas não ao estudante e sua miséria e sim a sua complacência diante dela. Nas universidades isso já é uma triste realidade, não passa na cabeça do estudante buscar compreender sua condição no mundo, o seu papel como individuo questionador, pelo contrário, a sua doentia propensão à passividade, ao consumismo, a alienação lhe é mais cômoda, a postura crítica é insuportável, chata e não leva a lugar nenhum. Todos eles querem vencer na vida e se constituírem como plenos consumidores medíocres vislumbrando os produtos que a vida capitalista pode proporcionar.
Todas essas características também são aplicáveis aos estudantes de jornalismo, e pior ainda, pois eles não percebem nada disso e se comportam como sujeitos pensantes, como é risória essa atitude. Hoje eles se esperneiam depois que concretizaram a inutilidade dos seus diplomas. Esse status figurativo caiu por terra e refletiu no ego dos estudantes que desesperados buscam culpados. Estúpidos não percebem as readaptações forçadas de um mundo tecnocrata que subjuga comportamentos, relações e consequentemente profissões. A universidade institucionaliza a ignorância produzindo seres não pensantes prevalecendo o ensino mecânico e especializado. Para que tanta relevância acerca do diploma? Viram-se lesados?
A institucionalização do saber sempre foi um mal, não é de hoje que ela limita o conhecimento humano sujeitando e desmerecendo a capacidade de cada um de nós. As exigências do capitalismo moderno fazem com que os estudantes, na sua maioria, venham a ser “profissionais qualificados” que se adaptem ao mundo técnico mercantil, e as universidades garantem tudo isso. O jornalista não é uma exceção, ele se insere nesse contexto como mais uma profissão técnica dentre inúmeras outras. Alguns vão se fazer lembrar épocas passadas com alusões ao jornalismo de postura combativa, mas isso se perdeu na memória, virou registro acadêmico com apenas finalidade bestial analítica, um passado em livrarias e alguns livros nostálgicos. Fazer reviver essa postura, creio eu, pelo menos aqui nesta cidade seja impossível, só basta observar o semblante desses estudantes, os seus interesses, suas visões de mundo. A maioria está preocupada com sua vestimenta, com seus futuros casórios, com as “fofoquinhas” de final de semana, que convenhamos é bem típico de um jornalista, estão perdidos no irreal mundo vivido.
Deixar pública minha visão acerca dessa ocupação, não apenas exclusivamente ao estudante de jornalismo, mas também a todos os outros, é uma suposta necessidade em que me vi motivado. O tédio corroe meus sentimentos e minhas reflexões quando todos os dias me vejo forçado a conviver com tais condições. Também estou inserido nessa dinâmica estúpida e hipócrita, mas prefiro antes de tudo resguardar meu senso-crítico como meio de discordar, me postando avesso a todo esse comportamento comum.
Existe uma lógica por trás disso tudo que nos impõe uma existência pré-estabelecida. Somos parte de um jogo onde somos peças postas num tabuleiro e pouco conhecemos acerca das regras e dos jogadores.
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