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Confusão de palavras em momentos de tristeza.


Sou um sujeito demasiadamente cético para crer em certas situações místicas, mas me sinto um pouco confuso quando, certas situações, se apresentam e me fazem duvidar do meu ceticismo. Num dia comum a felicidade empolga meu espírito e despercebido vou vivendo cada instante como uma criança despreocupada com o futuro incerto.  Há beleza em tudo que vejo, sinto e percebo, como se não bastasse tudo ao redor me impulsiona à alegria, em sentir por completo o quão é bom estar vivo. São nesses instantes fugazes, em demasia, que os planos para uma vida futura são alavancados, são pensados enquanto realidades possíveis, até o momento em que são frustrados. Recordo-me do ser constituído por escolhas, o qual um velho pensador burguês traçava suas teorias, que vinha a calhar em momentos como este. Porém, o outro lado da moeda instigada pelo destino não fazia reservas para me desvelar o oposto. A vida não tarda em arrancar de mim meus ínfimos momentos de felicidade, estraçalha meu peito e meus sentimentos numa velocidade imensurável. Sou um pedaço de carne pálida e gélida, disforme e muda lançada num abismo sem fim, solitário, mesquinho e sórdido em minha pequenez. Procuro algo para me confortar, amaldiçoou tal tormento, e em pensamentos obscuros me perco. Faço de tudo para não acreditar que sou predestinado ao sofrimento, pois além de tudo isso, resguardo uma companhia que não me deixa desistir de tentar ser feliz. Do destino maldito que prescreve o meu sofrer, faço da minha bela companhia meu compadecer. Não sou tão astuto com as palavras, nem por isso me calo, e busco deixar escrito tudo que tenho até aqui vivido. Não vou dá meu braço a torcer, quero me lançar de corpo inteiro nessa incerteza da vida, e que o destino seja cúmplice sabendo que tentei, e busquei até o último momento a felicidade. Se for em vão tudo isto, não sei, mais quero minha companhia do lado, pois, por mais obscuro que seja meu desejo e em palavras assim me perco, é a ela que estou lutando contra o incerto.

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