Sou um sujeito demasiadamente
cético para crer em certas situações místicas, mas me sinto um pouco confuso
quando, certas situações, se apresentam e me fazem duvidar do meu ceticismo.
Num dia comum a felicidade empolga meu espírito e despercebido vou vivendo cada
instante como uma criança despreocupada com o futuro incerto. Há beleza em tudo que vejo, sinto e percebo,
como se não bastasse tudo ao redor me impulsiona à alegria, em sentir por
completo o quão é bom estar vivo. São nesses instantes fugazes, em demasia, que
os planos para uma vida futura são alavancados, são pensados enquanto realidades
possíveis, até o momento em que são frustrados. Recordo-me do ser constituído
por escolhas, o qual um velho pensador burguês traçava suas teorias, que vinha
a calhar em momentos como este. Porém, o outro lado da moeda instigada pelo
destino não fazia reservas para me desvelar o oposto. A vida não tarda em
arrancar de mim meus ínfimos momentos de felicidade, estraçalha meu peito e
meus sentimentos numa velocidade imensurável. Sou um pedaço de carne pálida e
gélida, disforme e muda lançada num abismo sem fim, solitário, mesquinho e
sórdido em minha pequenez. Procuro algo para me confortar, amaldiçoou tal
tormento, e em pensamentos obscuros me perco. Faço de tudo para não acreditar
que sou predestinado ao sofrimento, pois além de tudo isso, resguardo uma companhia
que não me deixa desistir de tentar ser feliz. Do destino maldito que prescreve
o meu sofrer, faço da minha bela companhia meu compadecer. Não sou tão astuto
com as palavras, nem por isso me calo, e busco deixar escrito tudo que tenho
até aqui vivido. Não vou dá meu braço a torcer, quero me lançar de corpo
inteiro nessa incerteza da vida, e que o destino seja cúmplice sabendo que
tentei, e busquei até o último momento a felicidade. Se for em vão tudo isto,
não sei, mais quero minha companhia do lado, pois, por mais obscuro que seja
meu desejo e em palavras assim me perco, é a ela que estou lutando contra o
incerto.
Bom, pra quem gosta de uma boa música aqui vai uma dica que, em minha opinião, despertará a curiosidade acerca deste nome. Minha dica é o cantor, poeta, pintor e compositor Belchior. É isso pessoal, por mais que alguns afirmem que existem “intocáveis” compositores brasileiros, a exemplo de Chico Buarque, Tom Jobim, Vinícius, dentre outros, este cearense despertou minha curiosidade e me fez perceber que a música não tem limites estéticos, e que não existem tais cantores intocáveis. Sem bajulice ou coisa parecida, aqui escrevo sobre este figura por sentir e perceber a um bom tempo a qualidade de suas composições. A diversidade presente em sua obra é marcante e os ritmos se confundem numa salada de poesia, filosofia e estilos musicais. Inúmeras são as músicas que há tempo são apreciadas pelo gosto popular: “Apenas um rapaz latino-americano, Medo de avião, Fotografia 3x4 e Tudo sujo de batom”, são exemplos que já se tornaram banais. Sua originalidade estética não se resume apenas a es...
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