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Uma opinião sobre liberdade.


Não existe liberdade a ser copiada, seguida num consenso inibido e acanhado, entre indivíduos e/ou grupos. “A única liberdade que nos serve é a que conquistamos, não a que nos doam, vendem ou emprestam” (Freire e Brito, Utopia e Paixão), parafraseando um livro muito simpático. Não devemos nos submeter a nada, qualquer submissão acarreta e faz surgir o autoritarismo. Existem formas diversas de expressão da autoridade, e quando não temos consciência disso fica difícil entendermos nossas relações por inteiro (se é que isso possa ser possível). Temos que almejar a pluralidade não a uniformidade de consensos. E a liberdade é uma luta constante, submetida ao devir do tempo, da cultura e da vontade. Precisamos libertar nossas ideias e partir para o novo em confronto com o estabelecido, imposto, determinável. Mutações constantes, transformação diária, revirar as bases de qualquer estrutura que se faz ou pensa em estabilidades. Não cristalizemos nossas ações, nossa conduta, postura e desejo, não chegaremos nunca a um suposto fim. Não existe fim a ser buscado, alcançado, por que sempre teremos algo a buscar, almejar em detrimento do que alcançamos. Esse é meu entendimento sobre a anarquia, sobre o punk e sua possibilidade de mutação, absorção de revoltas semelhantes e que nos identifica. Os nomes são referências secundárias entre as variações de sua espécie, se autoafirmamos é por indicação e representação do que somos, nunca jamais algo estático, mas plural como é de ser. Não se trata de rótulos, que são coisas descartáveis, estabelecidas, padronizadas, se trata de transmitir aos demais o que somos e representamos, isso dentro de um universo diverso que é a contracultura. No mais, almejamos a liberdade não apenas como uma necessidade natural, mas também como uma conquista social e individual.

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