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Realidade silenciosa








Há uma enorme dor no mundo, a qual os homens fazem vista grossa por não sentirem diretamente. Esta dor diz respeito a seres incapazes de se comunicarem por linguagem humana, que sofrem, desde tempos remotos, solitários e taciturnos. Esse mundo no qual  insistimos em habitar de forma desgraçada não foi feito para eles, alimentamos nosso modo de vida com carne e sangue e deleitamos com isso como se tudo não passasse de um mero costume ou, pior ainda, como se isso tudo fosse o preço a ser pago em nome do nosso maldito bem estar. Nosso “deus” confirma essa postura e justifica a carnificina, pois também é ele sedento por sangue, dor, sofrimento e morte, ala cristo o símbolo sagrado. Nossos filhos são criados e preparados ao longo da vida para enraizar essa existência cruel e, como meros fantoches, estão todos fadados ao limbo. Existem seres não humanos nas ruas aí deste mundo, sem gozar o direito à vida, à liberdade, ao prazer, em ser amado e usufruir da convivência com seus semelhantes, esses não choram aos berros como crianças debilitadas pela fragilidade surgida da usurpação do habitat natural, esses insistem em querer viver num lugar que existe para todos, todas as espécies nascidas para coexistirem. Não são objetos, são seres de uma complexidade brilhante, a qual nenhum humano fora antes capaz de entender. Viva a todos aqueles que estão nas ruas, nos zoológicos (prisões), nos matadouros, nos circos, nas gaiolas, nas correntes, nas jaulas, onde quer que seja sua agonia, almejo pelo fim dos seus sofrimentos ao infinito. 

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