Há uma enorme dor no
mundo, a qual os homens fazem vista grossa por não sentirem diretamente. Esta
dor diz respeito a seres incapazes de se comunicarem por linguagem humana, que
sofrem, desde tempos remotos, solitários e taciturnos. Esse mundo no qual insistimos em habitar de forma desgraçada não
foi feito para eles, alimentamos nosso modo de vida com carne e sangue e deleitamos
com isso como se tudo não passasse de um mero costume ou, pior ainda, como se
isso tudo fosse o preço a ser pago em nome do nosso maldito bem estar. Nosso “deus”
confirma essa postura e justifica a carnificina, pois também é ele sedento por
sangue, dor, sofrimento e morte, ala cristo o símbolo sagrado. Nossos filhos
são criados e preparados ao longo da vida para enraizar essa existência cruel e,
como meros fantoches, estão todos fadados ao limbo. Existem seres não humanos
nas ruas aí deste mundo, sem gozar o direito à vida, à liberdade, ao prazer, em
ser amado e usufruir da convivência com seus semelhantes, esses não choram aos berros
como crianças debilitadas pela fragilidade surgida da usurpação do habitat
natural, esses insistem em querer viver num lugar que existe para todos, todas
as espécies nascidas para coexistirem. Não são objetos, são seres de uma
complexidade brilhante, a qual nenhum humano fora antes capaz de entender. Viva
a todos aqueles que estão nas ruas, nos zoológicos (prisões), nos matadouros,
nos circos, nas gaiolas, nas correntes, nas jaulas, onde quer que seja sua
agonia, almejo pelo fim dos seus sofrimentos ao infinito.
Bom, pra quem gosta de uma boa música aqui vai uma dica que, em minha opinião, despertará a curiosidade acerca deste nome. Minha dica é o cantor, poeta, pintor e compositor Belchior. É isso pessoal, por mais que alguns afirmem que existem “intocáveis” compositores brasileiros, a exemplo de Chico Buarque, Tom Jobim, Vinícius, dentre outros, este cearense despertou minha curiosidade e me fez perceber que a música não tem limites estéticos, e que não existem tais cantores intocáveis. Sem bajulice ou coisa parecida, aqui escrevo sobre este figura por sentir e perceber a um bom tempo a qualidade de suas composições. A diversidade presente em sua obra é marcante e os ritmos se confundem numa salada de poesia, filosofia e estilos musicais. Inúmeras são as músicas que há tempo são apreciadas pelo gosto popular: “Apenas um rapaz latino-americano, Medo de avião, Fotografia 3x4 e Tudo sujo de batom”, são exemplos que já se tornaram banais. Sua originalidade estética não se resume apenas a es...
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