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Mostrando postagens de 2010

O desvelar de um sonho

“Sou ignóbil, ignóbil, ignóbil! Acreditei durante considerável tempo em minha vida, neste asqueroso ser intangível, mortificando-me todos os dias”. Foram essas as malditas palavras que pronunciei ao me ver enfraquecido diante da medonha idéia do ser supremo. Solapado de crendices tradicionais, presenciei minha miséria de espírito e fui capaz de ser covarde face as minhas incertezas. Foi um preciso sonho que me desvelou a inutilidade da existência divina e sua cruel realidade distinta. Ao me deitar depois de um dia cansativo e insípido, fechei meus olhos e dei início a minha prece. Numa seqüência habitual parti do pai nosso, e logo estava empreendido numa reverência súplica à madre pura e superiora mãe de todos os pecadores. O sono veio como um desmaio e o inconsciente ditou as normas do meu organismo. Tudo era escuridão numa imensidão assombrosa, vozes se entrecortavam sendo impossível distinguir palavras, frases, sílabas, eram no mais ruídos incompreensíveis, porém ruídos humanos....

A perda do viço sobre o mundo e as coisas.

É sempre um equívoco afirmar qualquer coisa que seja de forma convicta. Porém, nem sempre estou disposto em assumir tal postura e me lanço comodamente em paradoxos superficiais que se chocam no cotidiano de maneira categórica. Na ambivalência comportamental que assumo todos os dias, acabo me perdendo em palavras vazias, de algum significado que possa ser substancial, e em pensamentos avulsos que rompem com minha repugnante e estática situação existencial. Não me admiro com minhas mutações repentinas, com os meus desdizeres, nada disso atribuo relevância. Sou mesmo um sujeito confuso, até mesmo em constatar tal característica. Ao ser questionado sobre assuntos que envolvem minha personalidade, minha interpretação do mundo e da vida, procuro, com certa frustração, ordenar as idéias, as palavras, para amenizar esse caos ideário, mas tamanha é minha decepção ao constatar a inutilidade de tais questionamentos, e volto a me reservar. Emitir juízos acerca de tais assuntos será sempre superf...

Elegia Maldita

Incrustável realidade, Que zomba da minha insignificante existência Nas mazelas de uma vida decrépita, Do nascimento até os últimos dias Um escárnio impingido no meu ser. Utiliza-se de minha fragilidade E me lança na desgraça infinita, Recordando-me o Augusto, inócua criatura, No cósmico gozo do verme, do transcendentalismo mistério, Que encravasse no peito de um vencido. De Rimbaud à Mallarmé, Do Artaud à Rabelais, Aspiro em todos estes marginais O profano, descrente e libidinoso Fruto do ventre maldito. Sou esse condenado a viver Que na tormenta dos dias Anda como um zumbir nas noites a se perder Desejando encontrar outrem Com igual desgosto.

Recordações

Uma noite qualquer em mais um instante esmo da vida, momentos que impregnam a memória de recordações prazerosas surgiam. Inesperadamente tudo começa a acontecer com certa intensidade e impulsos, vontades, desejos são objetivados em nossas ações. “Nós humanos exploramos a existência e carregamos conosco suas conseqüências: decepções, revolta, encantamento, prazer, tristeza, tudo isso, completando necessariamente nossa existência”. E naquela noite aparentemente insignificante, a vida ia pouco a pouco se manifestando e envolvendo seres até o momento indiferentes. Recordo-me ainda do gosto de vinho que, entre os seus dedos, fora derramado me induzindo instintivamente a volúpia. Não havia mais receio de querer para si, de efetivar os desejos sobre qualquer circunstancias, aos poucos as coisas iam se construindo, sem permissão, mas com intensa vontade, desrespeitando convenções, estávamos totalmente entrelaçados aos instintos. Não é preciso esforço algum para recordar momentos tão prazeros...

Confissões de um solitário vagabundo II

Noite fria e chuvosa nessa cidade estúpida, se já não bastasse o tédio de estar em casa, não há nenhuma bebida, nem mesmo cigarros, nem ao menos um corpo fácil e barato, para um gozo instantâneo seguido de uma repulsa egoísta e necessária. Desejo a violência de uma vida lançada ao risco, intensa, perdida e só minha. Se eu tivesse ao menos uma bebida que me deixasse alto e iludido, é estranho viver de cara nesse mundo. Toda a indiferença preenche meu corpo, certo horror em ser homem, me faz recordar aquele cínico grego “Diógenes de Sínope”, e sua repugnância à civilidade, a corrupta natureza humana que engendra de forma incessante desigualdades. E essa chuva não para, há três dias que ela assola minhas pretensões, premedito e acabo desistindo. Hoje até meus livros, meus únicos e verdadeiros amigos, não me excitam, eu cansei de discursos, de descrições existenciais e de verdades relativas. Mais um dia que se esvai pelo tempo, e propenso estou a desistir de tentar, de buscar ocupar ou...

Porque falas sobre o amor?

Tudo no amor.....este sentimento mal compreendido, faz ,ou melhor, brinca com as pessoas sem respeito algum. “Mas em que sentido?” Ele é desrespeitoso, não se submete a fragilidade alguma. “Como estas sendo estúpido!” Num sei...vivi talvez, isto seja o mais importante. Percebi o quanto ainda sou ingênuo, ou seria inexperiente? “Você fala como se o amor fosse algo assim tão real.” Deixemos os substantivos de lado, esse sentimento é voraz, na maioria das vezes é dilacerador, mas confesso novamente que vivi, e ainda estou vivendo tudo o quanto ele me impõe. “Você não passa de um idealista mesquinho”, creio que sim em determinados momentos acredito em minhas paixões, prefiro me ferir com todas elas a me resignar com a solidão. “Há num acredito que estas a dizer isto”, somos benevolentes você não acha? Quando tratamos de sermos felizes? “Não, não acredito nisto, tudo é tão efêmero, vazio, tudo passa quando o desejo não é mais o mesmo do inicio” Prefiro ser usado, prefiro servir como objeto....
Desejar o impossível Como uma criança inquieta Num belo ato ingênuo Querer por querer O impossível, o incomum, um incerto desejo. Desejar por não ter Paz, consigo mesmo Ter o que não podes possuir Para sempre, Apenas sente O que não podes possuir, Mas, apenas desejar para si O que é impossível.

Desabafando por qualquer coisa....

Nada de extraordinário acontece, como sempre a vida se fecha para meus sonhos, ou seria o inverso? Meus sonhos não passam de fantasias irrealizáveis, onde estupidamente me lanço de maneira enfadonha em querer alcançá-los. Ultimamente estou sobrevivendo das mesmices, largado num mundo avesso as minhas atitudes, meus anseios, minhas ilusões. À noite não me atrai mais como outras épocas, às vezes finjo necessidade de companhia, a solidão também entedia, mas logo desisto e volto para meu casulo familiar como um bicho assustado. Tomei aquele gim e as coisas pioraram, recordei das coisas que não possuo mais, da adolescência inconseqüente, como tudo era perfeito, pois, a fortuna, essa deusa cruel e cobiçada, ditava as regras. A juventude vai aos poucos sendo sepultada e o que me espera posteriormente confirma todas minhas desilusões. As velhas correntes ainda me prendem e toda ação torna-se impotente, quando o costume, a repetição de hábitos, se configurou em desejo, em verdade, um vício de...

Dos que desesperam

O caminho para o desespero é inevitável, tudo na vida torna-se cruel, numa ótica excessivamente humana, seremos sempre seres desolados, estrangeiros de nós mesmos, cada qual inconscientemente perdido de si, sem esperança, crença, desiludido. Como que necessariamente desesperados por deixarmos de ser, deixarmos de crer, ou ainda, de tentarmos almejar o posterior, assim somos, indefinidos por condição, ásperos por caráter, desprendidos de essência, inconciliáveis com a natureza. Persona trágica, a vida humana é fictícia, assim creio eu, somos inventados, pré-moldados, irreais até certo ponto quando afirmamos o que somos. Não é novidade acreditar dessa forma, porém, se configura certa impossibilidade não refletir sobre determinadas hipóteses. Há um desespero íntimo à minha natureza. Não aquele Kierkergaardiano, do qual traços de resignação religiosa me causam ojeriza, mas aquele descrente ativo, isso mesmo, paradoxalmente ativo, como reflexo ou extensão de minha consciência, perante a...

Logicamente que deus não existe (recordações lógicas)

Se a palavra realmente diz algo sobre os fatos existentes, numa suscetível concepção lógica em que as coisas nomeadas adquirem realidade, proximidade entre o discurso e o objeto, numa certa medida existem proposições que podem ser tomadas como verdadeiras. Aos que possuem amor à ciência das formas do pensamento, os teoremas, axiomas, são frutos desta paixão, retidão libidinosa, pura e verídica. Faço desse discurso sinóptico e tendenciosamente metafórico, preparação para uma verdade com base nos fundamentos lógicos e, por assim ser, irrefutável. “ Se deus quisesse evitar o mal, mas fosse incapaz de consegui-lo, seria impotente; se fosse capaz de evitar o mal, mas não quisesse fazê-lo, seria malevolente. O mal só pode existir, se deus não puder ou não quiser impedi-lo. O mal existe. Se deus existe, não é impotente nem malevolente. Portanto, deus não existe ”. Recordações sobre as aulas de lógica, cretino padre que emitiu tais palavras (verdades).

Assim falou o hiperbólico EU

Meia garrafa de vodka, ainda tudo continua no mesmo lugar... Embriagado? Hum... Com meia garrafa e com essas idéias na cabeça isso parece pouco, não costumo ficar bêbado assim tão rapidamente, acredito que sou forte suficiente, ou melhor, até certo ponto, pois ficar bêbado requer tempo. Luzes, ruas, solidão, à noite e suas características tão peculiares. Lembrei do romance que estava lendo e que se encontrava esquecido entre minhas quinquilharias... Roupas, outros livros talvez também esquecidos. Na maioria das vezes começo a ler um determinado livro se ele, ou ainda, se eu não me envolver com aquelas palavras, sentir o conjunto das frases e seu significado, tudo perde seu valor, me volto à violência cotidiana, o raio fumegante dos instantes consecutivos do mundo humano estúpido. Minhas relações deixaram de ser inocentes, se é que isso foi possível em algum momento, hoje vivo de estratégias num jogo macabro onde quem sair da linha rapidamente é esmagado. As pessoas no seu íntimo ...

As Portas da Percepção - Aldous Huxley

Deixo aqui uma dica! Uma obra literária que retrata toda a mística que envolve a mescalina e seu uso atrelado às práticas culturais, religiosas e científicas. Como o próprio título expressa, As portas da percepção , Aldous Huxley, demonstra o eterno conflito entre a vida contemplativa (passiva) e a vida cotidiana (ativa). Como duas realidades distintas e independentes, porém interligadas e submetidas à figura humana. A mescalina apresenta-se como uma suposta chave, capaz de abrir “portas” não convencionais que proporcionam percepções mais intensas, que estão presentes na natureza humana, porém limitadas por questões fisiológicas e psicológicas. Conceitos como tempo e espaço perdem sua relevância, a intensidade e a profundidade das coisas existentes no mundo são bem mais significativas e o sujeito percebe-se como parte de um todo, do qual todas as coisas estão interligadas. Um interessante olhar sobre uma substância capaz de alterar nossa percepção de mundo e existência...

Chega! Eis minhas torturas.

O existir descarrega sobre minha mente lamentações. Cambaleando continuo em direção aos guetos humanos, onde seres hepáticos, fragilizados de olhos amarelados, todos ao meu redor constituem o ambiente. Vejo sangue jorrar, sinto o cheiro da carne queimando, vi a esperança humana ser pisoteada como um insignificante verme. Senti prazer com isso. Armas contra a justiça, ojeriza sobre a beleza e um estúpido sorriso no canto da boca. Ensaiei odes à loucura, violei a compaixão como uma virgem indefesa, sem remorsos, nem piedade, magnífica luxúria. Blasfêmias contra os deuses, insegurança contra os homens. A febre veio senti os pulmões ardendo em brasa, o corpo flagelado, os mártires decapitados. Ódio, ira, arrogância, vícios pérfidos e leais ao meu ego. Do tédio fizemos moradia, da vileza hábito contra a perfeição. Crueldade a favor dos fracos, moralistas, povos, desprezíveis e comuns. Sorrateiramente existi diante dos fatos, com um requinte de covardia fechei os olhos, fiz de conta de que n...

Da postura estudantil jornalística e suas complacências

Se os jornalistas em si já constituem uma grande parcela da sociedade não pensante, com suas posturas acríticas e comportamentos mercenários, o que dizermos dos futuros jornalistas, ou melhor, dos estudantes de jornalismo? Podemos atribuir um caráter desprezível a tal profissão, pois, depois dos padres, da polícia fascistóide e daqueles que dizem detentores do saber, os professores acadêmicos, não existe hoje no bra$il e principalmente em campina grande ocupação mais inútil. O estudante, esse acéfalo social, que há tempos perdeu o caráter questionador de épocas passadas, sua última expressão digna de registro foi em 1968 na frança quando ainda existiam cabeças pensantes que buscavam se constituírem como indivíduos históricos, conluio de estudantes enraivecidos e questionadores, desde muito tempo vem sendo objeto de manipulação partidária onde políticos se digladiam pelos seus interesses. A “UNE” maior exemplo real de toda essa canalhice, facção reformista dos direitos estudanti...